24 janeiro 2012

Movirri, morrivi


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Movirri, morrivi

parei de ficar parada quando comecei a me mover
               [frase estúpida é poética aos olhos de quem lê]
aos olhos de quem vê não mais estou parada
me movo de novo sem querer
na direção errada

e não há nada que me impeça
            [nem mesmo a perna que tropeça]
de chegar ao precipício que me atrai
e oscilar,
vacilar na beira do cais
das almas que vivem sem mover.

movi e morri,
morrivi, movirri. 

12 janeiro 2012

À Palavra.

Palavra!
Tu que me decifra,
E me revigora
Tu que me destrói e constrói sem demora!

Vai... alcança quem eu não posso ver
Penetra sua alma e o seu ser,
Leva tudo aquilo que, falando,
Eu, hesitante, não consigo dizer.

Me  traduz, palavra!
Me reduz, se preciso for, pra eu crescer.
Sê minha aliada. 
Tu, que quando entrelaçada ao meu coração, 
o poema exato faz então nascer.

Nathália Monte

21 setembro 2011

Fractal












Coração fragmentado, fractal
Plantei os teus pedaços
Como sementes de cristal.

Levada longe pelo vento
Só uma floresceu
Na terra seca e no breu
De uma rua qualquer.

Só espero que te colham
E te provem o aroma
Sem saber que fora outrora
Parte da chama
De um amor que já murchou,
De um coração que se quebrou


Desenho de Vivi Cabral.

02 setembro 2011

Poema livre

Agora, a minha vontade
é olhar pro nada
é olhar pro tempo
dar ao pensamento
a chance de poder voar.


Nathália Monte

26 agosto 2011

Mais um sonho

Distraída, ia pela cidadezinha
a menina vestida de gris e anil
ia como se andasse só;

Acompanhada de ninguém
e com absortos seres ao redor
alheia a tudo

De repente, Giz!
Tudo assim, tão sem cor,
tão triste, tão …

Sentiu-se perdida na cidade,
Nos seus pensamentos
Nas suas lembranças
Fez um auto-julgamento
E parecia julgar também os outros.

Ficou giz igual a cidade
quando diante da verdade
encontrou-se.
Estática, julgava quem muito amava
e isso parecia surreal,
consciência divina?
Julgamento injusto!

E pranteava junto aos mortos,
junto aos vivos absortos,
junto a menina pranteando
a dor de quem se foi,
e pranteava sem parar.

Era surreal. Era um sonho.
Mas a fez não dormir,
pertubar-se, contorcer-se.

E querer que aquele julgamento
fosse adiado, até o final ser mudado.
Que tenha sido apenas um sonho.

Yhanndra Dias