30 junho 2011

Tudo

Mas é a alma que dói
pelo pesar de tudo que pesa
e pelo passar de tudo que passa
e a constância da vida comum
que como um
rio
se suja e se apressa
enquanto passa.

Mas é a alma que dói
pelo sonho de tudo que sonha
e pelo que sonha todos os sonhos
e a constância da vida comum
que como o
sono
se mata e se perde
enquanto se tem.

Mas é a alma que dói
pela força de tudo que força
e pelo toque de tudo que toca
e pelo medo de tudo que teme
e por tudo
tudo
que tem no mundo.

Mas é a alma que dói.

Yurii Araujo

Hoje

Minha casa era tão grande
Quando pequeno.

E no quintal o silêncio
Era pleno.             

Me sentava no batente
E aspirava o ar quente
Das tardes de Recife.

E ainda estou aqui,
Mas a casa já não passa
De uma casa.
E o quintal virou garagem,
Hospedagem de carruagens de metal.

E o ar quente me sufoca,
A luz me incomoda e
Me impede de sentar novamente
No batente e admirar...
O quê, yuri?
                               
Não resta mais nada para ver.


Yurii Araujo